O “Balde Cheio” é um trabalho de pesquisa e de transferência de tecnologia, dirigido a produtores familiares de leite, desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste e hoje presente em 12 Estados do Brasil. Em Mato Grosso fará parte do Programa Estadual da Cadeia do Leite. O chefe geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Fernando Mendes Lamas, explica que o Mato Grosso deseja aumentar sua produção leiteira em pequenas propriedades e disse que “o Projeto Balde Cheio é o melhor caminho para atingirmos esse objetivo”, ressaltando que o Estado possui 150 mil pequenos proprietários, a maioria dedicando-se ao leite. A meta é aumentar a produção matogrossense dos atuais 1,6 milhão de litros diários para 5 milhões de litros por dia. Fernando Lamas ressalta que esse aumento será alcançado por meio do aumento de produtividade, “sem expansão de áreas e sem derrubar uma só árvore”.
O trabalho das duas unidades da Embrapa - já analisado pelos chefes gerais, Fernando Lamas (Agropecuária Oeste) e Maurício Mello de Alencar (Pecuária Sudeste) - contará com a parceria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Governo de Mato Grosso, que arcarão com a maior parte dos custos, cujos valores serão em breve definidos, segundo informou Renaldo Loffi, coordenador do Programa Mato Grosso, da Secretaria Extraordinária de Assuntos Estratégicos do Estado. Ele diz que deverão aderir ao projeto “Balde Cheio” os Consórcios de Desenvolvimento Intermunicipal de Araguaia (Canarana e Vila Rica), Nascentes do Pantanal (Araputanga), Portal da Amazônia (Colider) e Vale do Teles Pires (Alta Floresta).
O início dos trabalhos em Mato Grosso se dará com reuniões de sensibilização, em Cuiabá e em Colider, respectivamente, nos dias 14 e 16 de abril, abertas a técnicos e produtores, segundo informa o supervisor da Área de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste, Claudio Lazzarotto. Além da Empaer (Empresa Matogrossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural) e do Indea (Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso), vinculados à Secretaria de Desenvolvimento Rural, também participarão as prefeituras, cooperativas, associações rurais, sindicatos rurais e a Famato (Federação da Agricultura do Estado de Mato Grosso). A Embrapa Agropecuária Oeste fica em Mato Grosso do Sul mas já atua no Estado de Mato Grosso, por meio de sua Unidade de Execução de Pesquisa, localizada em Várzea Grande.
Funcionamento do “Balde Cheio”
O projeto “Balde Cheio”, da Embrapa Pecuária Sudeste, demonstrou a viabilidade - técnica e econômica - da pequena propriedade, ou propriedade familiar, para a produção de leite. Alguns de seus resultados são a obtenção de lucro nesse tipo de propriedade antes deficitária, o aumento da renda do pequeno produtor, a redução do êxodo rural e o aumento da produção de leite, por hectare / ano, de até 12 a 15 vezes (ou seja, de 1.100% a 1.400%). Tudo isso com metodologia inovadora, que supera muitos dos problemas normalmente enfrentados pela transferência de tecnologia da pesquisa para o campo.
Atuando em propriedades de meio hectare a 20 hectares, a tecnificação e o bom gerenciamento permitem que esses produtores familiares multipliquem sua renda, que, em alguns casos, era, antes de aderirem ao projeto, inferior a um salário mínimo.
Cerca de 90% dos produtores assistidos pela Embrapa Pecuária Sudeste conseguiam produção diária inferior a 80 litros no início dos trabalhos. Após o processo de tecnificação, passaram a obter de 300 litros a mais de mil litros / dia. Mas o indicador mais importante na atividade, que é a produção de leite por hectare / ano, foi elevada de 12 a 15 vezes.
O projeto apresenta várias inovações, com destaque para duas delas: 1) os trabalhos são dirigidos tanto a técnicos da extensão rural como a produtores e 2) a transformação das propriedades em “salas de aula” pois é lá que ocorrem todos os encontros, palestras e dias-de-campo. Ao invés de dias de campo esporádicos ou palestras em ambientes fechados, os encontros nessas “salas de aula” são permanentes e essa propriedade é assistida e visitada por outros produtores durante um período de quatro anos. O sítio fica sob monitoramento permanente de um técnico da extensão rural.
Os pecuaristas assistidos são pequenos produtores que estavam a ponto de abandonar a atividade e que hoje estão numa situação confortável. “Ninguém vai ficar rico com pequena produção de leite, mas o pequeno produtor pode multiplicar a sua renda, investir em tecnologia e gerência, viver dignamente e com conforto”, afirma Artur Chinelato de Camargo, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste e coordenador do “Projeto Balde Cheio”. O projeto assiste diretamente a mais de 2.200 propriedades, em quase 400 municípios de 12 Estados.
POR: JORGE RETI (EMBRAPA PECUÁRIA SUDESTE)
Fonte: http://www.ripa.com.br
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário